domingo, 8 de setembro de 2013

Noite...

... e o que é com a noite que nos deixa sem sossego, sem vontade de dormir e o nosso pensamento sem vontade de parar e nos deixa em constante busca do que está errado e do que podia ser onde nada de errado e nada vai ser?
Noite e a falta de sono que por vezes nos atormenta por coisas pequenas como uma frase mal dita, uma mensagem mal lida, um olhar mal interpretado. Há noite assim onde o dia finalmente faz sentido e percebemos o que fazemos pelo que nos surge, agora, na memória selectiva. Dou-me conta dos futuros que olhei hoje, dou-me conta da quantidade de vezes que pensei na mesma coisa, e no entanto, apesar de tudo continuo a pensar no mesmo, a não estar feliz com o que tenho e a desejar algo que por mais impossível que pareça, continua a despertar em mim algo que nada mais desperta. Quero pertencer e não sei onde, quero existir e não sei como, quero ver e assombra-me cada vez mais descobrir que não o quero fazer sozinho. Assusta-me esta imensidade vazia de não sentir paixão, de não sentir desejo, de não sentir nada mais que um profundo alheamento ao que passa ao meu redor e no entanto este alheamento uma falsidade, porque a cada palavra, a cada acto, a cada movimento uma dor, algo mais para me fazer sentir estranho.
Eu estranho, eu diferente, eu sentindo-me cada vez mais como uma curiosidade, como um elemento fora da vida das pessoas que aparece por vezes para as divertir com a minha presença, com a minha boa vontade, com a minha alegria que por vezes desaparece. Eu cada vez mais usando na cara um sorriso pintado de vermelho, o nariz vermelho, a armar o espectáculo e depois eu longe e já ninguém se lembrará.
Eu sozinho, num quarto sabe deus onde, pensando que amanhã há toda uma invasão de pedidos, de necessidades, eu pensando que não é pelo dinheiro, já não é pelo dinheiro que o faço, é que se não o faço, eu outra vez sozinho num quarto, a escrever para ninguém e a ler o resultado daquilo que fazem os meus dedos, nada mais que libertar o que sinto por dentro.
Talvez fosse tempo de o fazer.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Houve...

... um tempo em que acreditei num erro que me fazia feliz. Depois dele, veio a tristeza, a solidão, o experimentar de tudo o que era igual ao passado e me doía, me dizia, tens de tentar, tens de conseguir, e acabei por ter mais força.
Houve um tempo em que acreditei que a felicidade que sentia era um erro, e depois veio a libertação, o permitir de viver um pouco mais, o descobrir a cada dia um sorriso simples e sem compromisso. Dizia-me, não me digas que me queres idiota, eu também te quero e no entanto não quero arruinar o que sinto com palavras estúpidas. E no inicio eu não entendia, julgava que apenas coisas sem profundidade de uma chama passageira, que em duas semanas tudo passava e pronto, acabava. Para descobrir que não passa porque nunca começou, porque os sentimentos estão lá, mas nunca as palavras, então cada dia como um dia novo em que um sorriso, uma brincadeira, uma foto, uma idiotice qualquer dita ao telefone e feito, amanhã outro dia, dizer bom dia e nunca boa noite, fica a sensação de que é por gosto e não por obrigação, se bem que nunca quis ninguém por obrigação ou necessidade, fica um gosto especial de poder perceber um mundo diferente do meu, poder por alguns momentos pertencer a outra coisa completamente diferente. E no meio de tudo isto vou perguntando, porque será que um insiste no erro conhecido e teme a felicidade para lá da colina?

E o que significa tudo isso de felicidade? Uma sombra na parede, um par de braços que nos apertam por vezes e nos lembram que sem eles caminhamos sozinhos? Que leva uma pessoa a apaixonar-se por outra? A semana passada vários momentos surgiram, trabalho, vida, noticias. A inevitabilidade de um momento de descoberta provocado por um comentário nas redes sociais, o seguimento de link após link e ali estava, não a confirmação de algo que já sabia há muito, apenas a confirmação que no momento em que se pedia sinceridade, houve mentira, que a mentira foi a ultima coisa que ficou. Foi mais a desilusão que o choque. Na mesma semana fiz uma viagem de 800km em um dia, atravessei o Equador, cruzei a linha, estive nos dois hemisférios, e depois comi, deitei-me nos lençóis brancos do hotel e a partir dai dormi e sonhei que fazia amor com uma rapariga de cabelos negros, de pele morena e com um sorriso calmo de realeza. No dia seguinte acordei para busca-la ao meu lado e ela de facto lá. Talvez nunca tenha existido essa viagem e essa cama, mas deveria, e eu deveria deixar de mentir a mim próprio e deixar de esperar por um milagre e realizar o meu próprio milagre.  

domingo, 21 de julho de 2013

Há umas...

...semanas que busco por um lugar, parece que se apoderou de mim esta necessidade de ter onde voltar e que este ter onde voltar um qualquer lugar onde eu nunca tenha estado, mas que seja onde gostaria de estar. Eu sei, é complicado, e muito mais ainda é explicar, mas no meio de todas estas voltas e reviravoltas da minha curta vida, dei conta que por mais independente e distante que seja, sigo apenas isolado e sem ter algo a que possa chamar meu. Parece estranho e sem sentido, aliás não faz nenhum sentido isto que sinto, este não sei onde pouso já que há muito me habituei a pousar onde fosse.
Dou comigo a pensar nas férias, a pensar como será no Natal quando voltar a Portugal, onde vou dormir, onde vou ficar, onde não quero ficar. Fico com esta vontade de somente não voltar. Fico com esta vontade de sei lá, de não ter de decidir, de esquecer que tenho de decidir o que fazer, se quebrar de uma vez com as origens ou assumir de vez que um dia quero regressar, e se quero regressar, então que seja onde eu queira viver, seja perto ou longe de quem quer que seja.
Mais fácil falar e fazer de conta que é uma decisão fácil, facto é que há umas semanas que quase todos os dias vejo um ou outro site em busca de uma casa no meu pais, e pergunto sempre para quê.

Ainda não descobri.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Começaria...

... como se de um sonho se tratasse. Eu deitado numa cama, dormente, dormindo, a porta que permite ver o corredor onde uma luz fluorescente tenta manter-se acesa a custo. No fundo desse corredor ao entrar pela noite uma moça quase sem roupa sentada numa cadeira de madeira em que um pé mais curto que os outros o qual ela aproveita para baloiçar enquanto abana o calor e os mosquitos com um jornal velho. A lâmpada segue com o seu zumbido de abelha eléctrica enquanto as laminas no tecto continuam a cortar o ar a fazer de conta que tudo mais fresco quando o calor insuportável. Lá fora o frenesim incessante dos autocarros com demasiada gente e demasiados quilómetros parando, passando e cruzando-se uns após os outros. De uma cantina chega ao ouvido uma musica com trompetes e vozes que falam uma língua diferente, que grita pelo mesmo amor e pelas mesmas dores que todas as outras. O meu sono transforma-se em sonho e todos estas imagens se misturam ficando eu perdido num imenso western sem rumo. A cantina agora com portas e não apenas uma garagem, o nome o mesmo "california" que irónico, a mim faltam-me as pistolas, as botas, o cavalo que não me gostam e portanto raramente num sonho meu, e a minha imagem, o meu corpo perdido no meio de isto tudo sem saber bem que rumo ou que destino. Imaginava este cenário enquanto viajava à cidade, ia a encontrar sentimentos bons, pensando como podia eu muda-los de forma a que fossem maus e de forma a que eu quebrando laços e aflições encontrasse motivos para me sentir mal. Não foi desta que encontrei  a razão e motivo para tal. Haverá um dia...
Nessa viagem vi um um por do sol enquanto cruzava uma ponte, pensei, que coincidência, que bom. E esse por do sol, apesar de limitado à velocidade do próprio autocarro que me levava para a cidade mostrava um disco laranja forte puxando o vermelho a baixar sobre um rio de águas escuras carregadas de sedimentos oriundo das montanhas ou das florestas tropicais deste pais onde estou, rodeado de verdes vivos que o calor imenso e a água abundante permitem alcançar. Por momentos sorri, raras são as vezes que me dou conta de algo assim, talvez porque raramente me consigo abstrair tanto de mim próprio para poder olhar em redor e compreende-lo de alma aberta.
Não é que seja egocêntrico, egoísta, creio que o meu problema é bem diferente, analiso demasiado a minha própria existência e isso por vezes deixa-me doente, outras triste, outras desesperado e raramente feliz.
Vive-se como se pode, e assim é. E eu, no meu autocarro de 5ª categoria, a sorrir para um sol que se punha, a pensar que tão longe de onde estão as pessoas com quem vivi a maior parte da minha vida e a pensar "Depois do Equador, qual o próximo pais onde deveria ir trabalhar?"

Já nem sei se sinto saudades...


sábado, 6 de julho de 2013

Where...

... have you been? Onde até agora estiveste tu? COnsegues olhar para trás e dizer? Será que vale a pena fazê-lo?

De eternas complexidades se revestem as duvidas de quem as quer ter. Aquela sensação maravilhosa de estar debaixo de água e não nos mexermos porque tão silencioso e tão calmo e tudo tão longe e azul e nós ainda sem sentir falta de ar. Que acontece quando o nosso próprio juizo nos diz que devemos continuar assim e nos força por inércia a afogar-nos?

Coisa tão pouco amiga da felicidade, esta inércia, a manifestação física do medo.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cortei...

... os pulsos esta manhã, não da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda como quase todos fazem, da mão para o cotovelo para que não tenha como fechar o corte e que a coisa fique pelo meio. Pensei muito antes de o fazer, e agora que o fiz, sinto-me satisfeito por assim acontecer. Justificar a vida sempre foi difícil e de facto encontrar motivo para a mesma ainda menos.
Porque hoje de manhã e não ontem, o hoje há tarde? Não sei, não posso entender nem explicar, aconteceu, na mão a minha querida navalha de barbear, afiada como bisturi e comecei a cortar devagar e a perceber que não havia dor, apenas uma cor diferente a sair da minha pele, do outro lado a mesma coisa, apesar de mais difícil o corte, o mesmo efeito.
Deixava algures uma carta escrita há anos, guardada há anos acerca de algo que há anos na minha mente, dizia:

Hoje, cometi o maior o mais egocêntrico e o mais altruísta crime que alguém em vida pode cometer contra um si próprio, libertei o mundo da minha existência sob a forma de um corpo gélido no chão rodeado de liquido vermelho coagulado. E apesar de ser uma imagem grotesca esta que ficou agora marcada na cabeça de todos, o que fiz tem apenas um motivo, uma justificação, nestes meus 55 anos de vida, apesar de tantas tentativas, nunca consegui justificar a minha existência do ponto de vista de pessoa. Nunca encontrei o meu rumo, nunca encontrei o meu centro, nunca entendi onde queria estar amanhã ou depois, nunca percebi o que se passava ao meu redor. Nunca quis perceber devo corrigir-me. Eu não de cá, de outro lado qualquer menos deste mundo. Assim para que viver? Não vale a pena.

Algo do género, parafraseando agora que as forças já quase que se foram, que o meu coração bate cada vez mais devagar e sinto uma dormência onde antes os meus pés e as minhas mãos. Pergunto-me agora, de medo, de preocupação, será que estou para alcançar ao tal mundo onde finalmente julgo pertencer? E se apenas uma fantasia, uma falta de conformidade minha para com tudo e todos e apenas isso, nada mais que uma sensação de mal estar baseada em nada de transcendental? Seria possível voltar atrás agora? Era se alguém entrasse e me encontrasse estendido no chão (frio?) da casa de banho, se alguém tivesse escutado a minha queda há algumas horas atrás, não creio que passe alguém. As senhoras do serviço social só pela manhã de amanhã, vão achar estranho que não abra a porta, vão pensar, dorme coitado, e a comida do dia no vizinho como das outras vezes, haverei de ir busca-la pensará, ou não como em uma ou outra ocasião. De certeza outra fase de afastamento, de reclusão, e três ou quatro dias depois, já com algum mau estar no ambiente a policia e os bombeiros irão arrombar a porta e ver-me aqui, deitado, arrependido de ter feito o que fiz porque me matei e depois de morto, depois e consumado eu a querer voltar para trás a pedir por favor que entrasse uma pessoa que nunca vai entrar, e a perguntar-me porque nunca tive filhos, porque nunca quis uma mulher ou uma mulher me quis, porque não estudei, porque não já não sei quase falar, porque nunca trabalhei e sempre vivi da boa vontade de uns e outros, de uma pensão qualquer que uns pais destruídos me conseguiram para pagar este quarto nos fundos do prédio onde sempre vivemos e agora apenas eu.
Dos outros não sei, nunca fui de saber, nunca fui de querer outra coisa que não gritar, gritar por não saber o que queria e atormentar, parece que alguns irmãos, lembro-me de alguns mais velhos, longe já sem caras, de um velho e uma velha que até aos meus dez anos ainda caminhavam, depois um numa cama e o outro num caixão, juntaram-se rapidamente na mesma cova, eu se irmãos, não os conheço, sabe Deus se não já na mesma cova com os outros. Sabe Deus se eu na mesma cova onde todos eles juntos, sabe Deus se eu mesmo na morte sentindo que não pertenço a esta gente e a estes corpos.

Voltaria atrás neste momento, se apenas uma coisa diferente deste nada de rotina acontecesse, e talvez por isso eu aqui, que do nada nunca algo aconteceu.

ficção.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Não...

... sei o que sinto, ou se de facto se isto que sinto é o que parece ser. Confundo solidão com saudade com ausência. Que será que me faz sentir ao mesmo tempo sozinho, falta de alguém e distância de todos? Não sei porque realmente este sentimento que por ai anda e instala e segue meio no ar sem se identificar deixa-me meio pendente. Por um lado não gostaria de ter de concluir acerca da falta que ela me faz. Por outro penso, será que ainda é ela de quem eu sinto falta? Parece uma falta tão sem cara, tão sem propósito, tão sem foco.
Não sei que dizer ou fazer acerca disso. Parece sempre que o tempo não para e na minha vida apenas caminho para trás, para onde já não tenho o que tive e que não se consegue conquistar nada mais que não mais problemas e mais exigências e mais gente que quer, que necessita que chorar para não se aborrecer.
Gostava eu de poder chorar, ou pelo menos descobrir um bom motivo para o fazer, que não fosse o mesmo, o de sempre, para que não se chorasse por um coração meio partido, sei lá chorar apenas para libertar a sujidade que acumula ao redor de nós, sujidade de viver e conviver com outras pessoas que nos vão lançando as suas ideias e as suas palavras e com elas a suas próprias noções de vida e as suas próprias coisas sujas em seu redor e a nossa mente apenas consegue destruir e abandonar algumas, parte fica no ar, parte perde-se e parte precisa de ser lavada, lágrimas para as lavar, e com as lágrimas o nosso corpo como um dia de chuva na primavera, solarengo de tarde, bom para passear, para enfrentar o mundo.

Seguro que os problemas de todos muito perto dos meus , mas pronto, vamos lá, parece que não consigo libertar-me desta inércia da falta de auto estima, desta coisa toda que afinal me faz lutar sempre sempre e depois chego a casa para me desfazer como um baralho de cartas e perder o meu tempo a pensar no que poderia ter feito e no que tenho de fazer para compensar o que não fiz e fico assim, preocupado, triste e sem saber com agir para evitar confrontos.

Servia uma mão para agarrar a minha, por vezes uma mão para agarrar quando o deserto apesar de ainda curto já faz muito doer e já nos levou toda a força que tínhamos para o enfrentar, assim que uma mão, de alguém que um dia me dissesse que sim que eu mais importante que o resto, e se para mim essa pessoa mais importante que o resto, não haveria coisas que não pudéssemos fazer, coisas que não pudéssemos ver, mesmo que fosse só na minha imaginação, mesmo que fosse só naquela esperança de quem acredita em amor à primeira vista, e que acredita que não se pode fazer mais que sentir e conhecer e acreditar nos sentimentos e saber desde dentro dos meus ossos, dentro de mim que os meus sentimentos nunca me vão mentir, e sente-se tanto e tão forte por vezes.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

It is...

... always better to say what you want than to regret it later. Parece que afinal os pensamentos que vou dizendo que não penso e os sentimentos que vou dizendo que não tenho saem recorrentes, passagem de olhos rápida pelo blog e vê-se que ai está.
O facto de dizer-lo significa apenas que ou ando muito esquecido ou ando muito longe daquilo que escrevo. Seria mais normal a segunda que a primeira já que raramente volto a revisar aquilo que escrevo. Sai da alma, da cabeça, donde seja e aqui fica, postado no ar, para o que der e vier. Que acontece, às vezes perde todo o significado, outras volta a ter todo o significado. Faço-o de modo a libertar a corrente de coisas que quero dizer e pelo caminho sempre encontro desculpas para não fazer e para adiar o que realmente era certo para mim, escrever palavras com palavras, senão com sentido para os outros, apenas para mim, e isso vou dizendo eu que não alcança para pagar o almocinho e o jantarinho e as fériazinhas e todas essas inhas coisas que sabem tão bem até ao menos materialista de todos, longe de mim ser assim tão despegado.4

Sinto em mim a calma inexistente de um ser que quer descobrir o que vêm depois de amanhã, o futuro, gostava de um dia saber-lo para poder antecipar a felicidade de o viver. Assim é a vida de quem pelos vistos não se conseguem fixar no presente par saber o que de bom tem e continua a olhar para lá, para os tais castelos de nuvens construídos na água, gostei desta efemeridade escrita ontem.

Coisas que a mente consegue construir perante uma realidade, como uns cabelos de uma cor e afinal de outra, como uma pele branca no lugar de uma pele morena. Por vezes imaginamos que felizes e apaixonados e afinal apenas resignados ao que temos, e como distinguir o que temos daquilo que fabrica a nossa ilusão? Nunca o sei dizer, e por vezes apenas fica a pergunta, o que estou eu a fazer, ou será que este caminho por onde sigo é o que gostaria de seguir? De certo todos se perguntam igual, de certo todos duvidam das suas escolhas, quem não duvida nunca se dará conta dos erros que comete, ou pelo menos vive sem se dar conta da possibilidade de errar.

Muitas vezes penso em tudo o que fiz de errado, parece que vêm associado a um sentimento de incapacidade de resolver alguns assuntos ou sentimentos, essa incapacidade ou dificuldade em fazê-lo por vezes impede um de prosseguir.

Por vezes...

domingo, 23 de junho de 2013

Lateralmente...

... como se fosse um pontapé à cabeça dado por Bruce Lee, quando dás por ele já estás no chão. Quando dei por ele fiquei abismado.
Não importa o que sintas, se bem se mal, não importa o que vejas se muito se pouco, não importa o que faças se nada se tudo. Importa sim saibas o que estás a enterrar e quão fundo o enterras, e sabes sempre que não é fundo o suficiente. De repente veio-me à ideia de tudo o que era, e de tudo o que tinha antes, senti dentro de mim um ciúme imenso de alguém que poderia estar com ela. Genérico, nada de concreto, apenas me veio à cabeça esta dor refinada que me trespassou ali pela zona do olho esquerdo até chegar bem fundo no meu estômago enquanto pensava isso ia comparando e perdendo toda a vontade de estar, de querer olhar para o que olhava, de querer continuar o que fazia. Como posso ser tão apegado a este ser que por mais que queira dizer que não serve, não vale, não devia valer, ainda vale mais que tudo o que vi até agora?

Há muito tempo que não falava de ciúme, esta noite por algum motivo ele surgiu na minha cabeça e no meu corpo. Sinto ciúme daquilo que não sei nem conheço, imagino castelos de nuvens construídos em cima de água e penso para mim, como pode alguém tão longe vir assim de socapa meter-se na tua cabeça e deixar-te a pensar no que queres e onde o queres e com quem queres.

Não sei, não deveria sofrer, de facto não estou a sofrer, só sinto uma pena enorme de que continuem por vezes a surgir estas coisas na minha cabeça que me mostram muito daquilo que eu há muito sei. Que os sentimentos eram os correctos e não há outros que alguma vez os consigam substituir.

Ainda é cedo eu sei, vale a pena olhar em frente, deixo apenas mais uma introspecção.

sábado, 15 de junho de 2013

Packing...

... a bag, once more packing a bag and a life and once more here I go. Nada dura para sempre, passei uma semana calma e serena no Panamá, nem me dei conta que passou tão rápido... e agora sinto triste porque acabou e há que ir para outro lado procurar uma outra semana boa. Vou embora, viajar para sul, e onde era que diziam que viajar para sul sempre dava a sensação de ser como descer um monte? Já sei, hum "lord of the rings", seja como for há que considerar que é isto a que estou e é a isto a que vou.
Hoje com algumas palavras atacou-me uma nostalgia e uma saudade de alguém que há uns tempos que nem me passava pela cabeça. Veio assim como vem o sabor de um maracujá, parece doce e depois torna-se tão forte que quase é insuportável. Resulta que afinal haviam uns sentimentos e uma saudade perdidas por ai. Já se foram? Não sei, a sério que não sei, afinal quem sabe o que deveria? ninguém mesmo, mas também não sinto por nada vontade de dizer "sinto-te falta", porque não se pode sentir falta de alguém onde só encontramos desgostos.

sábado, 8 de junho de 2013

Solidão...

... que busco, ainda que externa, cada vez mais reflecte o que sinto dentro de mim. Sozinho, não é nada de novo, nunca foi diferente do que me sentia quando tinha, ou podia partilhar a vida com outra pessoa, mas de facto tem vindo a acentuar-se este comportamento de desvio social, de sair para onde não estão os outros, de necessitar de escutar a minha própria voz sem ter que falar.
Hoje caminhava pelo centro comercial, e falava sozinho no carro acerca das bestialidades e do bestialismo desta gente a conduzir, termos estranhos, mas falar sozinho também. E não tem de ver com loucura ou anormalidade, tem de ver que de facto ninguém ao meu lado para falar e no entanto exactamente isso que eu  queria, estar sozinho, e acabar por pensar que não se sabe bem porquê mas que sabe mal estar sozinho.
É o belo do circulo vicioso onde um acto ou um sentimento levam a outros e outros que acabam por terminar no inicial. Preocupo-me por isso, preocupo-me por vezes com alguma música mais lamechas que escuto na rádio, ou porque motivo na minha cabeça desde há 3 dias sempre desperto com a mesma coisa, o mesmo som, a mesma voz e as mesmas palavras. Fui procurar, chama-se nostalgia, saudade idealizada, onde a nossa cabeça limpa dos eventos as coisas menos boas e nos faz recordar o bom que foi. Não sei a que tempo ou a que pessoas se refere este sentimento novo, mas anda por ai umas coisas meio estranhas no ar que ainda não se revelaram totalmente, como uma dor de dentes que se aproxima, vai dando indícios, e que mais que se pode fazer senão racionalizar o que se crê sentir e dizer que o amanhã vai ser melhor?

Não se pode fazer algo mais, senão seguir e respirar, por vezes parece que até para o ar entrar em nós se necessita de forçar, parece que por vezes o nosso pensamento divaga e não mostra toda a capacidade, que estamos lentos e estúpidos, que nos afectou algo, e será que finalmente afectou? Não devia considerar afirmativa a resposta a esta pergunta, mas, por vezes não temos mais hipótese senão aceitar que a onda é demasiado grande para nadar por cima e suster a respiração e abrir os olhos debaixo de água até que passe.

Sempre fui muito mau a nadar...

terça-feira, 4 de junho de 2013

Luto...

...ou a perda do que se ama. Que amor é esse ou que amor pode ser esse que nos leve a que o nosso organismo não queira, não sinta algo que não pela única pessoa que já não devia?
Como explicar ao meu inconsciente que foi e já não é? Como voltar ao normal e mais importante de tudo, quando se está preparado para quebrar esse luto?

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Olha...

... e assim de repente, um e-mail, um voo marcado, um hotel não sei onde e eu dei comigo a ouvir um outro dialecto de espanhol.
Curioso que antes até ir ao café na terra dos meus pais parecia longe, curioso como agora só quero ser um bocadinho mais aventureiro e curioso como se descobre que neste mundo há tanta gente que o quer igual. Dos que assentam praça nalgum lado e depois saltam aos países à volta para visitar e descobrir aos que apenas sabem onde vão começar e onde querem chegar. Gosto, cada vez mais gosto e cada vez mais quero poder um dia dizer que sim, estive conheci e sei o que é, em vez de gostaria muito de conhecer mas nunca fui.
Hoje aqui amanhã ali, consegue-se viver com a casa às costas? Não, ninguém porque casas são muito pesadas. E vejo que não são casas que precisamos de levar para algum lado quando nos movemos, vejo que apenas temos de levar a nossa boa vontade, o nosso entusiasmo e a nossa capacidade de abnegação (se é que esta palavra se ajusta ao que quero transmitir) e ser pedreiro e ser carpinteiro e ser arquitecto e ser engenheiro e ser canalizador, ajudante, empregada de limpeza, e onde quer que cheguemos e estejamos somente teremos de voltar a construir a nossa nova casa nesta nova localização e quando um dia voltemos onde deixamos todas as casas que construímos, vamos ter de manter e reconstruir e assim nos damos conta que vivemos e conhecemos e nunca na nossa vida foi necessário carregar todo o peso de uma casa.

e hoje assim me sinto.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Era...

...uma conversa calma e tranquila, sentado num pontão à beira mar ou à beira rio, não consigo distinguir a este momento a diferença entre as duas águas já que os meus olhos para lá do longe e do horizonte. Uma certa calma paira numa neblina demasiado branca para que seja real e no entanto o sol escondido algures por detrás de mim dá a claridade do dia que sempre conheci, azul e brilhante. Meus olhos fixos no final e no fundo do que conseguem ver fazem com que perca a noção das palavras de um velho a meu lado, estranhamente sentado com o seu casaco e o seu boné e as suas calças e no entanto os seus pés descalços dentro de água como os meus. Eu pequeno, tão pequeno e inocente, lembro agora, com um olhar curioso, com uma sensação de ser já grande, de saber mais do que aquilo que o meu corpo dava a crer e enquanto o velho me falava eu sabia do que era, pelo modo como o meu ser reagia, pelo incómodo que corria na minha mente que se queria por tudo afastar daquelas palavras e daquelas dores que as suas palavras martelavam nos dedos e nas mãos da minha alma.
Apercebi-me que de nada cresci e que de nada como uma pedra o sentimento caiu no meu estômago como se fora um saco vazio quase a rebentar. A dor de este movimento aumentava e chegava aos pés como se um peso muito grande acabara de lhes cair, e à cabeça como se uma força estivesse a rasgar todos os meus tecidos. E apenas um sentimento a provocar isto, porque seria possível que as palavras de um velho, largadas à água, fossem tão fortes e tão o que precisava de ouvir.
Da neblina branca no fundo do visível, todo o meu mundo obscurecido pela brancura de um nevoeiro imenso e espesso, em que as mãos quase que conseguem sentir a sua viscosidade, a sua textura. E eu de pé, perdido sem olhar em redor porque os meus olhos abertos mas sem ver, porque nada para ver afinal, e os meus pés caminhando na certeza de um solo firme, seco e sem acidentes. E julgava eu ser apenas algo normal que não uma vida, julgava eu que o velho outro, outra cara, outra voz, outra pessoa distinta com um nome e uma morada, uma historia de vida e amigos, com dores próprias e conhecimento.
A sua cara, a sua roupa a dizer-me chama-se José, sabes perfeitamente quem é, o que significa para ti, onde mora e o que tudo o que associado a ele vêm. No entanto nenhum José, a voz que proferia palavras, não as dele, as minhas, e essas palavras tão necessárias.
O meu medo, o meu luto, tudo por uma voz calma, suave e regrada, e se o meu medo e o meu luto todos enviados para mim na forma de palavras e essas palavras uma força que me rasga da barriga para cima e me  esmaga da barriga para baixo porque uma pedra dentro de mim e essa pedra uma dor do tamanho de nada, sem massa ou matéria, tão efémera quanto a neblina que me rodeia e no entanto não me deixa ver para lá de mim, nem me deixa ver para lá do horizonte, e me deixa abismado perante ela e me deixa sem curiosidade de perguntar ao velho eu ao meu lado se tudo, um dia, vai ser bom, e vai ser feliz, e a vontade de olhar para os mesmos olhos e os mesmos traços e chorar um pouco para dizer que sou gente e essa gente nunca feita de outra coisa que não pedaços de carne e de osso e nada mais que matéria aglomerada que se evaporará um dia. E esse pedaço de gente a perder o fundo do que é, esse pedaço de gente gelatina e qualquer força a destruí-lo. E admitir que se erra nunca tão fácil, e admitir que se acerta ainda menos fácil, e aceitar uma vida para a qual não se pode ver para lá do horizonte ainda menos fácil, e virar a cara para o lado e ouvir responder o velho eu depois de se perguntar acerca de se serás feliz na tua vida: não.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Vontade...

... em realidade de dormir, mas na verdade é só desculpa para não fazer o que devia que é trabalhar e prestar contas à gente que me paga. Ninguém disse que a vida era justa ou que era fácil, bolas mas parece que de vez em quando sai uma vontade tão grande do corpo... brrr. Como andamos? Bem, mal, sei lá, nim. Sonhos que aparecem em redor de assuntos que são os que são, evidente que temos que aceitar que anda a digerir mas não sei. A verdade é que o "não saber" me deixa numa posição "neutral" não sei, nem porquê, nem quero saber ou não quero agora esforçar-me por saber. Vida esta que por vezes nos deixa apenas a olhar o futuro sem medo e sem remorso.
Quero fazer planos, mas de facto apenas estou a ver os barcos passar. É mau isso? Não, enquanto não se caminha, temos tempo para pensar como queremos caminhar, e o meu pensar sai assim, em palavrinhas alinhadas atrás uma da outra, em pequenos textos mais entusiasmantes que outros, e para libertar o que se vai misturando cá dentro.
Sinto falta de tudo o que não tenho, há muito tempo lembro-me de ter deixado essa frase nalgum lado. Sinto falta do que não tenho é por vezes o resumo de um ser humano e da sua capacidade de sentir ambição e de sentir insatisfação. Sentir falta do que não tenho parece-me uma coisa tão romântica para dizer, portanto digo-o, sinto falta do que não tenho.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Falta...

... por vezes um pouco de coragem ou de vontade, e essa falta leva a que não vejam coisas diferentes, longe de casa. Esta semana passou isso, o que parecia ser uma oportunidade de ver outras coisas afinal transformou-se em inércia e medo e os planos de "ir" neste caso "vir" foram por água abaixo. Acabo eu por ficar com o bicho a roer-me e ando cheio de vontade de encontrar um avião e um hotel e ir tirar umas fotos à mata, ou ao outro lado do pais, ou a outro lado de algum lado. Não sei, tenho andado cheio de vontade de viajar, mas parece que o trabalho neste momento me vai deixar ou onde já estou ou de volta a um pais que já conheço. E eu cheio de vontade de ir ver outros mundos.
Fiquei assim, cheio de fome pelas possibilidades, cheio de vontade de ir, mesmo que tenha de ser sozinho, que será, sinto que aceito e acredito na minha felicidade interior.

Esta noite voltei a sonhar, com os meus sonhos de antes, aqueles cheios de recordações que me forçavam a acordar em pânico e o tema o mesmo, e tudo lá, ela, e todo o seu tratar para comigo, e pela segunda vez desde que cheguei onde estou, o meu coração não muda de ritmo, e eu impressionado pela falta que não me faz, e pela capacidade tão grande de suportar a ausência de palavras ou do contacto num momento tão recente deste "life changing event", e eu preocupado por querer encontrar lenha para me queimar, querer justificar que estou sozinho e desamparado, querer exteriorizar toda uma raiva e uma dor que devia ter dentro de mim e nada, e eu à procura da minha raiva e da minha vontade de raiva. E eu preocupado por já não reconhecer o eu na sua reacção ao evento. E pergunto, a final, que se passou?

domingo, 26 de maio de 2013

Apesar...

... de tudo, sabemos que um dia as coisas mudam e vivemos como se não fosse tanto e tão complicado. Sinceramente nunca me vi de outra forma senão a que não estava a viver. Insatisfação, infelicidade, falta de fio condutor para uma vida que afinal não se sabe bem o que se quer, geralmente quer o que não se têm? Por vezes sinto em mim um vazio assim do nada, não que seja por falta de alguém ou por falta de algo, ele surge e quando surge apenas me diz que é tempo de mudar, de partir e ver outras coisas para que se preencha esse vazio com a alegria e a satisfação da descoberta. Uma vez e outra aparece e como qualquer bicho nesta terra, sabe-se que é tempo de ir. E ir, já falei do ir, nem que seja um metro em frente, um quilometro em frente, uma vida inteira em frente.
Por vezes enfrentar o dilema de uma vida quebrada é feito de perguntas e de outros dilemas  acerca do que correu mal, por vezes enfrentar o dilema de uma vida quebrada apenas deveria ser feito de perguntas e dilemas acerca do que pode ser o futuro e a incerteza dele. Penso hoje, na sapiência e maturidade dos meus 300 anos de vida, sim trezentos anos de vida, que já vi suficiente, já conheci suficiente já escutei suficiente para poder sob um ponto de vista bem pessoal e bem meu dizer que o que vem e o que foi são ambos resultados de uma serie de eventos os quais se controla, ou não, ou se têm a ideia de controlar e nunca nos damos conta que estão fora das nossas mãos e vontade. Assim o que fazer? Deixar ao destino? Não sei que isso seja ou exista, por vezes creio que sim outras não, dizer que cada homem é o construtor do seu é levar uma vida de guerra e aflição, navegar pelas inevitabilidades do que acontece é perder o rumo do que somos. Então o que fazer para uma busca imensa daquilo que queremos para nós?
Uma cara bonita, um corpo agradável e amor? Ou afinal tudo depende? Sim tudo depende, por exemplo hoje se falasse com o meu ontem, tudo era diferente, ontem eu assim, hoje eu já de outro modo. E custa perceber para onde vai a razão da existência. Custa mas enquanto a procuro lembro que tenho de viver, seguir respirando e actuando, há dias em que essa actuação é melhor, neste filme não há duplos para o que temos de fazer e portanto é inevitável que por vezes nos magoemos.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Voltei...

... e voltar apenas um acto como qualquer outro hoje em dia. Mudou tanta coisa em tão pouco tempo. Não que tenha sido muitas coisas na realidade, tanta para mim é o tamanho da coisa e não a quantidade de. Ela foi embora da minha vida, desistiu e eu de tão curioso que me sinto devo ter desistido também. Chorei, dormi mal e agora nada, afinal a tanta coisa era pouca.
Se pouco se pode dizer de amar alguém, não sei, sinto falta sim, como sempre senti, lamento não poder enviar uma sms agora mesmo a dizer isso, ou melhor, não dever enviar uma sms a dizer isso. Tirei o cartão do telefone, de lá se chegar alguma coisa, só recebo depois, um dia destes, e não me faz menos bem ou menos mal.
Ando dormente eu? será que dormente? Por vezes penso que sim e no entanto sinto que estou a olhar para um futuro que não sei onde me vai levar mas que me levará a algum lado espero. Sei lá ela tem um nome e uma cara e um corpo e esse nome e essa cara e esse corpo foram a personificação de um amor imenso que existiu em mim por muitos anos. Terá a minha mente finalmente dito/concluído: "It's time to let go"?
Não sei, estou ainda demasiado fresco e em processo de compreensão do que este fenómeno causou na minha vida.
Não perdi o desejo de fugir, mas nunca foi fugir o que eu quis, foi descobrir, foi compreender, e portanto se isso é claro, os elementos estão dispostos para isso, dependo de mim e não há neste mundo quem queira partilhar comigo uma relação de dependência e amor, e passados tantos anos, eu sinto-me bem com isso.