sábado, 6 de agosto de 2011

São...

... dias assim, ou nem dias, horas, momentos, minutos assim, em que falamos falamos só para que não falemos sobre o que queremos falar, em que o assunto por vezes se acerca de nós e dele fugimos como se ardesse, como se magoasse mais ainda do que magoa. são nessas pequenas e indiscritíveis horas que eu sinto em mim dores que por vezes não são minhas, são de quem fala comigo e eu não consigo evitar de julgar minhas. Fotografia de uma cara bonita, um cabelo liso e preto brilhante, uma pele bronzeada, e eu de repente apaixonado por um sorriso, uma parvoíce da minha cabeça, um "caramba" interior, e aquela voz em frente de mim que continuava a falar de trabalho, da forma como o equipamento não estava dimensionado para as necessidades da obra, da forma como as pessoas não gostavam de dobrar a espinha dorsal para se esforçar um pouco mais no seu trabalho, e dentro de mim não andava lágrimas, andava revoltas, andavam duvidas, andavam dores de "e se eu o que fala e não o que ouve?", como consolar o que é inconsolável? como manter a nossa alma e a nossa mente limpa dessa dor que não nos pertence e no entanto parece nossa porque um dia o telefone toca e do outro lado a notícia é a mesma porque inevitável a má notícia, porque inevitável o dia em que chegará o dia para aqueles que amamos e que haverão alguns de partir antes de nós. E o que fazer se antes de nós partirem todos  os que achamos amar? Teremos nessa altura o direito de elouquecer com o que o mundo nos fez? Teremos nessa altura o direito e o perdão divino para tirar a nossa própria vida? Perguntei-em tanto esta tarde "o que fazer quando os que amamos vão antes de nós?" e não encontrei hoje outra resposta senão o vazio da minha mente, a fome incontrolável de nervos no meu estômago, a alheia sensação de passar pelas dores, e das dores apenas sentir a sombra, querer sentir o ferro em brasa em mim quando não ainda a minha altura, querer neste desejo mórbido de auto destruição sentir o que os outros sentem quando querem chorar.
olhar para uns olhos raiados de vermelho, perceber a quantidade de dores e de planos destruidos por detrás deles, perceber que o refugío é o alcool, é o afastamento, e pensar em mim tão longe de tudo, e pensar em mim tão longe de chegar se algo acontece aqueles que amo, e dos quais a minha vida deixa de fazer sentido se um carro, se um acidente, se um acaso de vida os leva.