segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Houve...

... um tempo em que acreditei num erro que me fazia feliz. Depois dele, veio a tristeza, a solidão, o experimentar de tudo o que era igual ao passado e me doía, me dizia, tens de tentar, tens de conseguir, e acabei por ter mais força.
Houve um tempo em que acreditei que a felicidade que sentia era um erro, e depois veio a libertação, o permitir de viver um pouco mais, o descobrir a cada dia um sorriso simples e sem compromisso. Dizia-me, não me digas que me queres idiota, eu também te quero e no entanto não quero arruinar o que sinto com palavras estúpidas. E no inicio eu não entendia, julgava que apenas coisas sem profundidade de uma chama passageira, que em duas semanas tudo passava e pronto, acabava. Para descobrir que não passa porque nunca começou, porque os sentimentos estão lá, mas nunca as palavras, então cada dia como um dia novo em que um sorriso, uma brincadeira, uma foto, uma idiotice qualquer dita ao telefone e feito, amanhã outro dia, dizer bom dia e nunca boa noite, fica a sensação de que é por gosto e não por obrigação, se bem que nunca quis ninguém por obrigação ou necessidade, fica um gosto especial de poder perceber um mundo diferente do meu, poder por alguns momentos pertencer a outra coisa completamente diferente. E no meio de tudo isto vou perguntando, porque será que um insiste no erro conhecido e teme a felicidade para lá da colina?

E o que significa tudo isso de felicidade? Uma sombra na parede, um par de braços que nos apertam por vezes e nos lembram que sem eles caminhamos sozinhos? Que leva uma pessoa a apaixonar-se por outra? A semana passada vários momentos surgiram, trabalho, vida, noticias. A inevitabilidade de um momento de descoberta provocado por um comentário nas redes sociais, o seguimento de link após link e ali estava, não a confirmação de algo que já sabia há muito, apenas a confirmação que no momento em que se pedia sinceridade, houve mentira, que a mentira foi a ultima coisa que ficou. Foi mais a desilusão que o choque. Na mesma semana fiz uma viagem de 800km em um dia, atravessei o Equador, cruzei a linha, estive nos dois hemisférios, e depois comi, deitei-me nos lençóis brancos do hotel e a partir dai dormi e sonhei que fazia amor com uma rapariga de cabelos negros, de pele morena e com um sorriso calmo de realeza. No dia seguinte acordei para busca-la ao meu lado e ela de facto lá. Talvez nunca tenha existido essa viagem e essa cama, mas deveria, e eu deveria deixar de mentir a mim próprio e deixar de esperar por um milagre e realizar o meu próprio milagre.