sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Por...

 ...vezes tenho a sensação de querer dizer algo e não ter as palavras certas para começar o que quero exprimir. Hoje é um desses dias, abro o meu blog, escrevo para uma pessoa parece-me ali pela quantidade de seguidores e nunca me senti necessitado de o fazer para mais que uma. Toda a minha vida me escrevi as cartas que ninguém alguma vez me escreveu, aparte talvez do "se queres saber como te amo multiplica as gotas do mar pelas estrelas do céu" que uma namorada da adolescência me deu e que ainda hoje guardo, algures numa gaveta, num quarto que visito agora vezes de menos. Era tão parola essa moça, escrevia coisas copiadas de revistas porque não sabia o que gostava, nem se gostava de mim, um dia veio ter comigo e disse-me que não podíamos namorar mais porque a mãe dela lhe tinha dado um sermão, eu encolhi os ombros e disse "tá bem" e regressei ao jogo de bola que me interessava muito mais que beijos e apalpões que me deixavam atrapalhado, que me provocavam embaraços fisionómicos. Não sei porquê ela veio hoje ao meu pensamento, partilhávamos o mesmo nome, eu o obscuro, o castanho, ela a obscura, a castanha. Irónico não é? Como por vezes se olha para trás e as coisas mais efémeras regressam envoltas no sentimento de perda.
Sinto que ainda tenho a primeira palavra aqui presa, preparada para sair e não quer, há algo que quero dizer, sim há, algo lá dentro se enrola, sinto uma crescente inclinação para o esquecimento, para o alheamento das principais coisas, e digo palavras que me soam a mentiras descaradas e apesar de raramente o serem, elas soam falsas e traiçoeiras.
Sinto que a escrita não me quer dizer nada hoje, outro dia talvez.

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