domingo, 21 de novembro de 2010

Fugia...

...contigo para a china, mesmo que não quisesses ou gostasses, mesmo que por um segundo eu e tu juntos só por estar e nunca mais perto. Fugia contigo para a China apenas pela excitação de o fazer, pelo pontapé dado na dura realidade de todo o dia, toda a semana, todo o mês, todo o ano. E era simples embalar uma roupa, juntar um dinheiro, comprar uns bilhetes de avião e lá íamos nós durante nove horas sentado um ao lado do outro, extasiados com medo, sem saber o que dizer. Eu olharia para ti e deslumbraria-me com a tua pele, com a tua presença, com o teu cabelo ali junto de mim. Procurava o teu cheiro e ele por momentos deixando-me inconsciente do que fazia contigo, a minha mão a procurar a tua, e talvez um pequeno passo para de seguida um beijo, um pequeno conforto da tua cabeça no meu ombro e o meu ar respirado através do teu cabelo. Uma caricia lenta na orelha mais próxima, um beijo de satisfação, de protecção dizendo eu estou aqui, nunca te vai acontecer nada de mal sem que eu esteja por perto para te ajudar, para te amar. Aprenderíamos nesse avião o que cada um é, dirias coisas acerca de ti, eu acerca de mim, eu lentamente me perderia nos teus olhos e tu lentamente na minha humilde forma de ser e de amar. Pensarias que os sentimentos eram bons, que vale a pena, e eu perceberia que os meus instintos estão correctos. Um beijo suave na tua cara, um beijo suave na tua boca, a mão apertada na minha, apertando a minha, e eu, na minha mente apagando a ideia de que não existe no mundo quem largue tudo e vá comigo para a China porque tu ali ao meu lado.

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