terça-feira, 26 de outubro de 2010

As...


...palavras do dia a dia são tão fortes e tantas que ultimamente sinto cada uma como se fosse uma martelada directamente no meu ouvido. Um telefonema e o incessante som do martelo ta ta ta ta ta, um problema na obra e outro martelo a bater em mim. Eu depressa sem força nos joelhos e sem vigor na cabeça para deslindar as intrincadas incoerências da vida. Reduzo-me a trabalho e sono e comida e alguns dias em que realmente digo, estou vivo, porque sozinho olho algo que não me agrava e sozinho entro em mim e percebo todas as dores e castigos que me imponho. Não deveria ser tão pessoal tudo o que acontece, no entanto acontece e eu por vezes julgo que eu no centro de um universo que não existe e por isso quando me descubro bem longe dele, sofro por não poder ser melhor do que já sou, maior do que sou, mais magnânimo, mais altruísta. Gostava de voltar a descobrir um amor que perdi há uns tempos, amor que me fugiu outra vez por entre os dedos como água ou areia na praia, e se esse amor algo sereno, devagarinho os olhos noutros olhos, a pele noutra pela, a mão tocada e não afastada, o sorriso aparecendo e eu esquecido que apenas eu, e eu julgando que tudo de novo com sentido, tudo de novo com alegria e com significado.

Um dia gostava de me apaixonar novamente, e nessa paixão a aventura de correr para aqui e correr para ali, de ver o Alasca, de ver a Argentina, de seguir por todos os caminhos e rotas deste mundo e apenas descobrir que em todas as pessoas que por ele conheceria que o primeiro sorriso conta mais que tudo, o primeiro passo um grande desafio, e o beijo, algo pelo qual eu sempre anseio, dificilmente chegará. Gostava de ser crónico tímido, e não apenas demasiado tagarela para a timidez que sinto em mim.

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