sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É...

... tão simples opinar acerca de coisas que não nos afectam, coisas que vemos na vida dos outros que ainda não vimos na nossa. Emitir variações e alterações, rodar e inverter a cadeia temporal que cada um teve de seguir fazendo parecer que todas as decisões até então erradas, que poderiam ser melhores, mais bem pensadas.
Sinto-me assim, crítico, comentador, um verdadeiro esperto que opina sobre tudo e sobre todos, que vê sempre uma forma diferente para as coisas. Sinto-me assim e no entanto neste cruzamento só me apetece voltar para trás e refazer tudo até agora. Devia de conseguir ser mais coerente, mais decidido e escolher um caminho, não moer mais este sentimento em mim de que eu sei estar certo, que eu sei estar de acordo com o que eu sinto, e o que eu sinto é o que está certo porque não há mais ninguém que não eu em mim, neste corpo. Alguém me citou Hitler ontem, "cada pessoa um império, um líder" e apesar de saber qual as ramificações de tal frase, qual as intenções da pessoa que a proferiu, não posso de deixar de a adicionar ao meu pensamento, à lógica que hoje tento fazer de mim.
Cada pessoa um império, que deve ser liderado, e quem outro para o liderar senão a própria pessoa? Significa portanto que um líder de si próprio não pode nunca estar errado nas suas decisões pessoais pois quando as toma apenas irá causar vitórias ou derrotas pessoais, isto dando excepção a todas outras interacções humanas que não a de um individuo com a sua própria consciência e existência. Torna-se portanto imperativo demonstrar através da lógica disponível que os actos, as decisões tomadas nunca poderão ser erradas ou certas, são apenas decisões das quais, de uma forma consciente ou não, iremos ter de arcar com as futuras consequências e portanto estaremos novamente numa bifurcação decisiva onde olharemos para trás e nos arrependeremos de ter escolhido direita em vez de esquerda, mas por defeito da existência iremos dizer que foi errado, quando devíamos apenas dizer que foi uma decisão.

Aqui não existe Outono, existem duas estações que não mudam tanto, numa chove e o sol brilha, noutra não chove e não há sol. Olhando para o que vivi, sempre vi o Outono como um período mau, sempre o sofri um pouco, sempre me custou mais que o Verão ou o Inverno, sempre me pareceu mais hostil que a Primavera. Mas aqui não há disso, e no entanto, olhando para trás, eu sei que em mim algo do cair de folha outonal me vai fazendo murchar. Algo que eu sei que sempre irei ultrapassar, mas que a minha natureza raramente me deixa considerar como apenas mais uma decisão.

Sinto falta de fazer isto, de escrever. Sinto falta dos meus cadernos, das minhas páginas, dos meus livros, dos meus autocarros cheios de gente, das minhas roupas sem pretensão, da minha barba por fazer, do desleixo geral de quem apenas quer ser feliz sem olhar para invólucros. Sinto falta de ser criativo, sinto falta de ser o bruno e não o Bruno.
  

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